A LENDA DO AÇAÍ
Há muito tempo atrás, quando ainda não existia a cidade de Belém, vivia neste local uma tribo indígena muito numerosa.
Como
os alimentos eram escassos, tornava-se muito difícil conseguir comida
para todos os índios da tribo. Então o cacique Itaki tomou uma decisão
muito cruel. Resolveu que a partir daquele dia todas as crianças que
nascessem seriam sacrificadas para evitar o aumento populacional de sua
tribo.
Até que um dia a filha do cacique, chamada IAÇÃ, deu à luz uma bonita menina, que também teve de ser sacrificada.
IAÇÃ
ficou desesperada, chorava todas as noites de saudades de sua filhinha.
Ficou vários dias enclausurada em sua tenda e pediu à Tupã que
mostrasse ao seu pai outra maneira de ajudar seu povo, sem o sacrifício
das crianças.
Certa noite de lua IAÇÃ ouviu um choro de criança.
Aproximou-se da porta de sua oca e viu sua linda filhinha sorridente, ao
pé de uma esbelta palmeira. Inicialmente ficou estática, mas logo
depois, lançou-se em direção à filha, abraçando - a . Porém
misteriosamente sua filha desapareceu.
IAÇÃ, inconsolável, chorou
muito até desfalecer. No dia seguinte seu corpo foi encontrado abraçado
ao tronco da palmeira, porém no rosto trazia ainda um sorriso de
felicidade e seus olhos negros fitavam o alto da palmeira, que estava
carregada de frutinhos escuros.
Itaki então mandou que apanhassem os
frutos em alguidar de madeira, obtendo um vinho avermelhado que batizou
de AÇAÍ, em homenagem a sua filha (IAÇÃ invertido). Alimentou seu povo
e, a partir deste dia, suspendeu sua ordem de sacrificar as crianças.
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